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URBANIZAÇÃO

 

O espaço urbano capitalista é fragmentado/articulado reflexo (expressão)/ condicionante social, um conjunto de símbolos/ campo de lutas. É um produto social, construído a partir das práticas (conflituosas) de agentes sociais.

 

Tal panorama é visto no distrito de Piedade do Paraopeba no Município de Brumadinho na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O processo atual de urbanização é um produto das ações dos agentes de formação do espaço urbano ao longo da história do distrito e região.

 

As primeiras ações transformadoras ocorreram no século XVII como a Bandeira de Fernão Dias que fundou o distrito que tinha função de posto de abastecimento, assim as primeiras vias e rotas foram criadas. Os primeiros moradores eram portugueses e indígenas, com a descoberta de ouro na região o distrito passou por uma ampliação na população com povos africanos escravizados, e nas estruturas de suas vias que foram ampliadas, colonos portugueses autorizados pela coroa para explorar a região trouxeram mudanças nas construções locais trazendo um estilo arquitetônico do pré-barroco.

 

Em 1674, a bandeira de Fernão Dias partiu de São Paulo, chegando a percorrer durante sete anos os sertões de Minas Gerais. Sendo que uma primeira comitiva foi enviada tinha a missão de plantar e proporcionar provisões para alimentar a bandeira maior de Fernão Dias. A primeira leva em 1673 foi chefiada por Matias Cardoso de Almeida contendo 125 homens, sendo 120 índios escravos. As plantações eram fundamentais para o sucesso da expedição. Através da agricultura, povoados foram formados como Roças Grandes e Piedade do Paraopeba.

 

Com o aumento da exploração na região, à presença de moradores ilustres e com grandes propriedades o distrito mostrava suntuosidade com a construção da Matriz de Nossa Senhora da Piedade na avenida principal em 1713. A igreja foi construída pelos escravos e é uma das poucas do estado de Minas Gerais que apresenta grande parte das suas características originais. 

 

Sem acesso a igreja matriz os escravos construíram a igreja de Nossa Senhora do Rosário de menor tamanho e alguns metros depois da igreja matriz. Sem os recursos necessários para uma grande construção a mesma iniciou-se com uma simples capela feita de betume e com o passar dos anos foi tomando maior forma.

 

Com o declínio do ciclo do ouro o distrito passou por grande período de estagnação no que diz respeito a urbanização. Com um obstáculo natural de relevo irregular o distrito manteve uma formação de poucos impactos, a perda do acervo arquitetônico histórico é evidente com poucas casas preservando as características do pré-barroco.

 

Contudo, nos últimos anos o distrito tem experimentado um aumento da sua urbanidade através da ação de agentes, em específico os proprietários dos meios de produção (Mineradoras) que constituem na região a principal fonte econômica. Uma vez que o distrito se encontra dentro do quadrilátero ferrífero, as atividades minerárias são presentes na região desde o período do ciclo do ouro. Sendo um grande consumidor de espaço, a especulação fundiária não é de interesse deste agente. A produção do espaço de produção. Não só como principal fonte de renda do distrito e grande contribuinte para o munícipio, as mineradoras estão entre as causas politico, social, histórico e administrativas que impedem ou retardam a emancipação. Mesmo com a exploração mineral a região apresenta uma considerável preservação vegetal, com biomas bem conservados aos pés da Serra da Moeda e na bacia do rio Paraopeba. Essa paisagem deslumbrante desperta a ação de outros agentes de formação de espaço urbano:

 

Os proprietários fundiários e os promotores imobiliários.

 

Com os processos de conturbação entre os municípios e a criação da RMBH, houve um grande crescimento do tecido urbano e articulação entre as áreas urbanas. Esse crescimento associado a vários fatores como: a busca da classe alta por locais pertos da capital mais preservado e seletivos proporcionou o crescimento do vetor sul de expansão da RMBH como o aumento dos condomínios de luxo e de alto valor aquisitivo.

 

Tal panorama tem trago mudanças a urbanização local e evidenciado os conflitos entre os agentes de formação do espaço, onde o estado que perpetua seu domínio sobre o distrito e assim continuar com a arrecadação de impostos, as mineradoras por sua vez não querem a valorização fundiária nem o avanço dos promotores imobiliários que em contra partida veem com a expansão do vetor sul a oportunidade de lucrar nessa região com a proliferação dos condomínios.

 

As batalhas pelo poder do espaço é algo cravado na história de Piedade através de seus principais pontos atrativos, as Igrejas. O contraste entre a igreja Matriz de nossa senhora da Piedade construída por negros e frequentada pelos senhores que negavam aos mesmos o acesso obrigando-os a buscar outro espaço expressa o quanto os conflitos marcam não só o espaço, mas também condiciona quem terá acesso a ele. A chegada do calçamento na avenida principal tem em torno de dois anos, visto que o distrito tem mais de 300 anos, o comércio é intenso nesta avenida, com restaurantes, bares, depósitos de construção, a escola o gabinete do vice-prefeito a casa paroquial a biblioteca,  a loja de artesanato, o posto de saúde as poucas casas de estilo pré-barroco, o cartório, toda centralidade devidamente demarca mostrando o contraste com as demais ruas.

 

A especulação imobiliária tem crescido devido a maior facilidade atual de se chegar ao distrito, atraindo assim pessoas de alto poder aquisitivo, levadas por uma tranquilidade e beleza natural que é característica dessa região, logo mudanças mais acentuadas na urbanização bem como os conflitos entre os agentes é uma tendência.

 

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